Infoxicação: O Desafio da Sobrecarga de Informações para as Gerações Z e Alpha no TikTok

Coluna Social

Nos últimos anos, as gerações Z (nascidos entre 1997 e 2012) e Alpha (nascidos a partir de 2013) vêm adotando o TikTok como uma das principais fontes de informação sobre uma variedade de temas, como saúde, educação, política e cultura. A popularidade dessa plataforma tem crescido exponencialmente, com mais de 1 bilhão de usuários ativos globalmente, e no Brasil, tornou-se uma ferramenta central para o consumo de conteúdo digital entre os mais jovens.

No entanto, essa transição de uma plataforma de entretenimento para uma fonte de informações relevantes também trouxe à tona um fenômeno preocupante: a infoxicação. Termo cunhado por Alvin Toffler em 1970, a infoxicação descreve a sobrecarga de informações que dificulta a capacidade humana de processá-las de maneira eficiente. Esse fenômeno, quando aliado à falta de curadoria confiável e à predominância de conteúdos rápidos e visualmente apelativos, cria um ambiente propício para a disseminação de desinformação.

A natureza algorítmica do TikTok, que prioriza o engajamento e a viralização em detrimento da precisão, intensifica ainda mais o problema. A plataforma, ao focar em vídeos curtos e sensacionalistas, promove um tipo de consumo apressado e fragmentado de informações. Ao invés de fornecer conteúdo bem estruturado e aprofundado, o TikTok oferece conteúdo fragmentado e muitas vezes descontextualizado, dificultando a filtragem de informações de qualidade.

Impactos da Infoxicação

O impacto da infoxicação é mais evidente na maneira como as novas gerações interagem com informações vitais, como saúde e política. Por exemplo, o TikTok frequentemente propaga vídeos sobre questões de saúde, como dietas e tratamentos médicos, baseados em experiências pessoais ou informações sem respaldo científico. Isso pode gerar sérios riscos à saúde dos jovens, que muitas vezes não possuem as ferramentas necessárias para distinguir conteúdo verdadeiro de conteúdo falso.

Em termos de política, a desinformação no TikTok tem um grande impacto nas escolhas eleitorais. Durante períodos eleitorais, jovens são influenciados por vídeos que, muitas vezes, distorcem ou manipulam fatos. Isso ocorre devido à falta de uma filtragem confiável e à ausência de fontes verificadas, características exacerbadas pelo formato rápido e superficial da plataforma.

A Falta de Alfabetização Midiática

Outro fator crítico para entender a infoxicação entre os jovens é a falta de alfabetização midiática. Embora muitas vezes as gerações Z e Alpha sejam chamadas de “nativas digitais”, isso não significa que possuam as habilidades necessárias para navegar de forma crítica e responsável nas plataformas digitais. O consumo de conteúdo, muitas vezes, se dá sem a devida verificação das fontes, nem o entendimento sobre o processo de curadoria de conteúdo.

Em um estudo recente, 40% dos jovens da Geração Z afirmaram utilizar o TikTok como ferramenta de busca, em vez de recorrer a mecanismos de pesquisa tradicionais como o Google. Isso coloca em xeque o valor do conteúdo consumido, já que a busca por informações no TikTok é muitas vezes impulsionada por engajamento, não por precisão. Os vídeos que mais geram interação nem sempre são os que apresentam conteúdos verdadeiros ou relevantes.

Desafios e Possíveis Soluções

Como solução, é essencial desenvolver estratégias de alfabetização midiática mais robustas, que ajudem os jovens a filtrar informações e a desenvolver habilidades de verificação de fontes. Algumas abordagens incluem a educação digital nas escolas, o incentivo ao pensamento crítico sobre as informações consumidas e a promoção de plataformas que forneçam conteúdos mais curados e confiáveis.

Além disso, as plataformas, incluindo o TikTok, podem adotar políticas mais rigorosas sobre a curadoria e verificação de conteúdos, oferecendo um ambiente mais seguro para os usuários.

Conclusão

A infoxicação é um problema crescente para as gerações Z e Alpha, especialmente em plataformas como o TikTok. As consequências desse excesso de informação podem ser prejudiciais, afetando decisões importantes relacionadas à saúde, política e educação. Ao promover a alfabetização midiática e adotar medidas de curadoria e verificação de informações, é possível mitigar os efeitos da infoxicação e capacitar os jovens a se tornarem consumidores mais críticos e informados no mundo digital.

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